A Toxicodependência nos dias de hoje...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009




A toxicodependência é uma doença, talvez a mais grave, deste fim de século. Doença global, compromete, na pessoa, a vida física, mas também a dimensão psicológica e social do ser humano. O toxicodependente está em constante sofrimento. Dói-he o corpo, sobretudo em momentos de ressaca, mas dói-lhe também o espírito, uma vez que o dependente se torna uma pessoa inquieta, constantemente à procura de objectivos que não alcança, numa viagem interminavel onde nem a vontade debilitada, nem os amigos igualmente “agarrados” conseguem ajudar.
De repente, na nossa sociedade multiplicaram-se esses doentes; são milhares e milhares nas nossas cidades. Do litoral chegam ao interior, do mundo urbano passaram aos ambientes rurais, dos jovens com preocupações intelectuais acabaram por atingir adolescentes e mesmo crianças. Ninguém pode dizer que o problema não é seu. É mesmo de todos, porque todos temos um parente, um amigo, um conhecido que queremos ajudar, que devemos ajudar.
Torna-se necessário, então , conhecer bem o problema da toxicodpendência, defenir-lhe os contornos, saber em que circunstâncias se contrai, como se desenvolve, que consequências tem para o presente e para o futuro, de que maneira reaje a sociedade, que atitude devem ter a família e os amigos. Esta informação completa é essencial para “limpar” a sociedade, o que é muito mais importante do que ajudar a “limpar” um doente.
Toda a gente sabe que na base está a “curiosidade”, o “experimentar” para ver como é. Porém, as consequências são funestas: a perda de liberdade, a destruição da saúde e a quebra definitiva de um projecto de futuro.
É preciso, por isso, não começar, e qualquer pessoa sabe também que o princípio está sempre numa crise afectiva profunda, numa angústia existencial provocada pela adolescência não acompanhada, pela perda de um emprego ou de um exame, pelo tempo de espera de iniciar novas etapas na vida.
Se há em Portugal algumas dezenas de milhares de drogados, há seguramente três milhões de adolescentes e jovens que o não são. É preciso que todos eles estejam suficientemente informados e cultivem em si e na sociedade os valores da dignidade humana que lhes permitam conjuntamente dizer não aos consumos.
Informados, os adolescentes e jovens podem mais facilmente vencer. Informados, famílias e amigos podem mais generosamente ajudar a prevenir. Informados, pode o grupo social interromper, logo no início, um processo de autodestruição pessoal.


Bibliografia:
Feytor Pinto, Vítor (1994); in prefácio de
A face oculta das Drogas

Fonte da imagem: http://www.deviantart.com/

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