1 - Qual o número de toxicodependentes que estão a frequentar esta instituição?
"Os toxicodependentes actualmente em tratamento são cerca de 3000, e inscritos nos últimos 10 anos são aproximadamente 7000. Sendo esta população muito variável e flutuante, no prómximo mês estes números já podem ser diferentes. Importa relembrar que estes números são referentes à nossa instituição, existindo utentes que vão pedir ajuda a outras instituições."
2 - Qual a média de novos casos registados por ano (se estiver a aumentar qual a opinião sobre a causa)?
"Podem não ser novos casos, são sim novos pedidos de pessoas que vieram pedir ajuda, podendo já ter ou não anos de toxicodependência, este número é de aproximadamente 300 por ano. O número de pedidos está estabilizado."
3 - Qual o intervalo de idades dos toxicodependentes que frequentam esta instituição (maioria)?
"Atendendo utentes num universo que se situa sensivelmente entre os 13 e os 63 anos, a faixa etária predominante regista-se entre os 20 e 40 anos."
4 - Qual a principal causa de ingresso nesta instituição (tipo de droga mais consumido)?
"A substância de abuso mais frequente é a heroína. Mas também cocaína, álcool e canabinoides."
5 - Conhece alguma razão que possa justificar esta preferência dos toxicodependentes pela heroína?
"Não terá tanto a ver com a preferência, mas talvez principalmente pelo facto de ser a substância de consumo ilícito com maior potencial aditivo, ou seja, o consumo continuado desta substância conduz, em grande parte dos casos, a uma situação de dependência (principalmente física). A procura de uma solução para obviar esta situação de dependência leva-os ao Centro de Respostas Integradas (CRI). Por ser um depressor do Sistema Nervoso Central, a heroína induz um estado de relaxamento generalizado associado a uma sensação de bem-estar. Daí advirá, provavelmente, um dos motivos da escolha consciente da substância; que no entando oculta importantes motivações (inconscientes)."
6 - Em que consistem os tratamentos realizados?
"As opcções terapêuticas são diversificadas, indo ao encontro da situação contextual do utente, nas vertentes: física, emocional, profissional, familiar e social. O espectro terapêutico esboça-se desde a opcção associada a uma menor limitação no que se refere a graus de liberdade, como a desintoxicação física domiciliária ou hospitalar com indução subsequente de um antagonista (substância que inibe os efeitos dos opiáceos, como factos desencorajador do consumo), passando por uma solução intermédia com administração de um antagonista parcial (Buprenorfina) que implica um maior controlo médico e terminando no Programa de Substituição Opiácea diário com Metadona."
7 - Quais as primeira reacções dos toxicodependentes ao tratamento em geral?
"Inicialmente um grande parte dos utentes apresenta bons indíces motivacionais. No entanto registam-se frequentemente crenças irracionais ou expectativas demasiadoe elevadas, causadoras de frustração quando em confrontação com a difícil realidade da reabilitação."
8 - Considera que o apoio familiar e o acompanhamento psicológico são importantes para o sucesso do tratamento?
"Não são só importantes como fundamentais. Com efeito, registamos maior taxa de adesão à terapia, com resultados mais sólidos no que se refere à prossecução dos oblectivos inicialmente traçados, quando a família é presente e apoiante. Da mesma forma, o acompanhamento psicológico, nomeadamente pela cosntrução de histórias da vida pessoal através de narrativas com resignificação vivencial simbólica, permite a determinação de fragilidades em aspectos relacionados com a personalidade bem como o treino de competências para lidar com situações de risco e prevenção de racaída."
9 - Quanto tempo dura, em média, o tratamento para um toxicodependente que consuma heroína?
"O tratamento tem duração muito variável, dependendo dos factores descritos no ponto 6, bem como de factores motivacionais e da consciência das competências sociais."
10 - A taxa de sucesso é elevada?
"Depende do que consideramos sucesso. Implica abstinência total? Se sim, durante quanto tempo? 1 mês? 1 ano? 5 anos? Se por sucesso considerarmos a abstinência total durante 5 ou 7 anos, provavelmente as taxas registadas não serão tão elevadas. Mas, e se um utente desempregado que consumia heroína por via endovenosa, conseguir um emprego e alterar a forma de administração para fumada? Estaremos ou não perante um caso de sucesso? Podemos, efectivamente, afirmar que a esmagadora maioria dos nossos utentes, nestes e noutros índices de análise, melhoraram a sua qualidade de vida numa dimensão significativa."
11 - Quais os métodos de divulgação utilizados pela instituição? Acha que são eficazes?
"Não existem métodos de divulgação específicos da Instituição. Somos um Instituto Público (Instituto da Droga e da Toxicodependência) que depende do Ministério da Saúde. Somos um serviço/resposta público como um outro qualquer, por exemplo Instituto de Oncologia, onde as pessoas podem recorrer.
12 - Acha que a informação actualmente disponível (campanhas, sites, panfletos...)acerca dos malefícios da droga é suficiente para alertar os jovens?
"Se estamos a falar de trabalho Preventivo, este não se compadece somente das actividades que referem informação através de campanhas, sites, panfletos, etc. estas são uma pequena parte e um complemento de um trabalho muito mais vasto. Esta informação é importante, mas pode e deve ser consolidado com um trbalho mais estruturado, específico e proactivo."
13 - Acha que o número de instituições existentes em Braga é suficiente para dar resposta ao número de toxicodependentes existentes?
"Parece-nos que em Braga existe um leque razoável de respostas."